As explorações científicas
A fase de ocupação periférica da África estava prestes a terminar.[39] As grandes potências já possuiam o cabedal técnico e os interesses econômicos para dominar o imenso continente.[39] A fase de expansão ocidental sobre a África e sua conseqüente divisão em colônias teve seus antecedentes nas explorações que cientistas, aventureiros e missionários realizaram,[39] muitos deles colaborando também na apropriação de territórios pelos países europeus.[39] Entre 1768 e 1773 o escocês James Bruce viajou através da Abissínia e do Senar e reconheceu as nascentes doNilo Azul.[39] Em 1788 fundava-se em Londres a Associação Africana (transformada em 1831 na Sociedade Real de Geografia),[39] iniciando-se a exploração metódica da África.[39] Em 1796, o médico escocês Mungo Park reconheceu a região do rio Níger,[39] morrendo assassinado nos rápidos de Bussa.[39] O médico português Lacerda explorou o Zambeze e chegou ao lago Mwero.[39] Em 1823, Clapperton, vindo de Trípoli, chegava ao Tchade, em 1825-1827, ao Níger.[39] A exploração mais fecunda foi realizada pelo sábio alemão Barth que, do Tchad, percorreu as regiões de Tombuctu, aoeste, e Adama, ao sul (1850-1855).[39] Deixou copiosa e segura documentação sobre suas viagens.[39] Entre 1860 e 1875, Os alemâes Rohlfs e Nachtigal fizeram enormes reconhecimentos geográficos,[39] lingüísticos[39] e de história natural no sul do Marrocos,[39] Saara[39] e Sudão.[39] Na segunda metade do século XIX, a África oriental e austral foi devassada.[39] O missionário anglicano Livingstone, que consagrou sua vida em defesa do negro, explorou a África do oeste para leste, morrendo em 1873.[39] Speke, entre 1852 e 1862,[39] explorou os Grandes Lagos, desceu o Nilo atéCartum,[39] resolvendo o problema da origem do grande rio.[39] Baker mostrou que os lagos Alberto e Malawi (ex-Niassa) eram os principais reservatórios do Nilo.[39] O jornalista inglês Stanley, vindo do leste para oeste, desceu o Lualaba até o Atlântico,[39] provando que era o curso superior do Congo (1874-1877).[39] Em sintese, partindo e chegando a pontos conhecidos, os exploradores seguiram os cursos dos grandes rios ou seus divisores d'água e revelaram ao mundo a riqueza dos recursos naturais da África e a realidade das populações indígenas,[39] muitas em nível primitivo, outras já bem decadentes por séculos de exploração, mas quase todas indefesas ao poderio europeu, ávido de matérias-primas e novos mercados.[39] Abria-se a África à fase imperialista.[39]
Imperialismo ocidental
Após 1870, a África foi o palco das disputas internacionais. Nos países já independentes, como Egito e Tunísia, a soberania desaparecia ante a intervenção das finanças estrangeiras, mudando-se a estrutura socioeconômica em benefício aos interesses estrangeiros. Os países e companhias dominadores investiram grandes somas na "explorarão dos recursos naturais africanos, nos setores da engenharia, indústria eagricultura. O nativo, dominado por uma pequena minoria branca, trabalhou nessa empresa, mas teve pouquíssimo participação nas riquezas criadas. No correr dos anos formaram-se elites africanas que, tomando consciência da situação dos indígenas, iniciaram os movimentos de libertação, ao lado dos ideais pan-africanistas. As primeiras intenções provocaram a reação do nacionalismo xenófobo norte-africano, ainda baseado na tradição de independência berbere.
No Egito, o oficial Arabi Paxá chefiou uma revolta contra a subserviência do quediva aos estrangeiros e, em 1882, foi votada uma constituição de base parlamentar.
Após o Congresso de Berlim de 1878, o colonialismo europeu firmou-se sobre o norte da África. O chanceler alemão Bismarck apoiou as pretensões francesas de domínio da região, como uma compensação dos resultados da guerra Franco-Prussiana. Jules Ferry, condutor do expansionismo francês, usando como pretexto a invasão da Argélia por tribos tunisinas, ameaçou Túnis, e pelo tratado do Bardo (1881), completado pela convenção de Marsa (1883), instaurou o protetorado francês na Tunísia. Completava-se politicamente a intervenção financeira, embora, na aparência, governasse a mesma dinastia. No Sudão (depois anglo-egípcio), os britânicosapoiaram o quediva na repressão às tribos revoltadas sob a chefia de Mohammed-hmed. Assim, a Inglaterra acabou por ocupar todo o vale do Nilo.
No plano internacional, a disputa europeia no norte da África levou as potências a se agruparem em blocos rivais. A França e aInglaterra, "após uma hostilidade de quase 20 anos, se aproximaram em 1904-05 com a Entente Cordiale. O Congo foi palco das disputas franco-belgas. Leopoldo II usou a Associação Internacional para Exploração e Civilização da África como instrumento da expansão belga. A seu serviço, o explorador Stanley anexou em 1879 os territórios congoleses. Ao mesmo tempo, Brazza conseguia para a França o baixo Congo. A Inglaterra apoiou então as pretensões portuguesas na região. Para resolver o impasse, as potências decidiram na conferência de Berlim (1884-85) a questão da navegação no Níger e Congo. Além disto, quando uma potência se instalasse no litoral, só poderia se apropriar do interior desde que realizasse uma ocupação efetiva, tendo que notificar às outras signatárias do ato geral da conferência.
Firmou-se, assim, o conceito imperialista das zonas de influência. O Congo tornou-se um Estado independente em 1885, sob a soberania do rei belga. A explorarão da área foi entregue a concessionários até que em 1908 o Congo tornou-se colônia belga.
No Sudão ocidental, a França procurou alargar seus domínios, e até o fim do século XIX o Senegal, a Guiné, a Costa do Marfim, o Daomé (hoje Benin) e o Níger até Tombuctu estavam em suas mãos. As possessões inglesas de Gâmbia, Serra Leoa e Costa do Ouro, e o Togo alemão ficaram encravados na zona francesa. Mas a Companhia Privilegiada (inglesa) dominou o baixo Níger, originando-se a Nigéria, rica em produtos tropicais.
A França reuniu as suas possessões do norte da África, o Sudão e o Congo, num só bloco. Em Madagascar, também impôs sua proteção, apesar da reação Hova. Foi preciso a intervenção militar cm Tananarive, e em 1895 a ilha era anexada ao império colonial francês, prosseguindo a Europa na corrida colonialista.
A Alemanha, que, como a Itália, sofrera considerável atraso na política colonial devido à unificação tardia, lançou-se à África. No litoral atlântico restara a enorme região entre Angola e o Cabo. O alemão Lüderitz fixara-se em Angra-Pequena e comerciava com os hotentotes. Em 1884, o Sudoeste Africano tornou-se protetorado germânico. O explorador Nachtigal obteve, por tratados com os chefes locais, O Togo e os Camarões, C. Karl Peters anexou territórios na África oriental. Nessa região processou-se o choque anglo-alemão, principalmente em Uganda, já perturbada por querelas entre muçulmanos e ocidentais. Pelo tratado de 1 de julho de1890, dividiu-se a África oriental em zonas de influência. A Alemanha dominou o planalto dos Grandes Lagos e a Inglaterra obteve protetorados em Zanzibar ePemba e o domínio de Uganda e os territórios alemães estabeleciam, pois, a descontinuidade das posses dos britânicos. Estes, em maio de 1894. davam ao Estado Independente do Congo (depois Congo Belga), a posse das terras do Bahr-el-Ghazal em troca de uma faixa de 25 km de largura na região dos lagos Albertoe Tanganica, permitindo ligar O vale do Nilo às possessões do sul.
Em 1881 os mahdistas ocuparam o Sudão egípcio. A Inglaterra encarou a anarquia no alto Nilo como um perigo para sua posse no Egito, pois qualquer potência usaria esse pretexto para intervir no Sudão nilótico. Anos depois, os mahdistas atacaram Cartum, onde morreu o general Gordon, que defendia a praça. A França, sob a orientação do ministro Delcassé, pretendeu dominar a região. A expedição francesa saiu de Brazzaville em março de 1897 e chegou ao alto Nilo, em Fashoda(julho de 1898). Por sua vez, a Inglaterra enviou Kitchener que, retomando Cartum e destruindo as tropas mahdistas, chegou a Fashoda a 17 de setembro. A repercussão na Europa das disputas anglo-francesas foi enorme e quase se chegou à guerra. Mas a França recuou neste incidente, e a Inglaterra incorporou a região (Sudão Anglo-Egípcio).
Na Abissínia, Orei Menelik II opôs-se às pretensões da Itália, derrotando-a em Aduwa (1896). A Abissínia fora o primeiro país africano a afirmar a sua soberania ante o avanço europeu. Em 1900 a França conquistou o Tchad.
Na África do Sul a descoberta das minas de ouro e diamantes ocasionou a guerra da Inglaterra contra os bôeres. Cecil Rhodes, governador do Cabo e orientador da politica das companhias mineradoras, chefiou a conquista, a pretexto da ligação ferroviária do Cabo ao Cairo. Cercou as repúblicas bôeres. Concedeu a exploração das Rodésias eBechuanalândia à Companhia Privilegiada. Fracassando numa primeira tentativa belicosa contra os bôeres (o rei de deJameson) em 1896, Rhodes neutralizou os protestos alemães e, alegando a xenofobia do presidente bôer Kruger contra os estrangeiros (uitlanders), atacou os colonos africâneres em 1899. Mas a resistência bôer foi enorme e a opinião mundial exaltou-se Contra a politica violenta dos últimos anos da rainha Vitória. Em 1902 a Inglaterra vencia a guerra e em 1909 nascia a União Sul-Africana, domínio daComunidade das Nações.
No começo do século XX, resistiam ainda ao imperialismo o Marrocos e a Líbia, na África do norte. No Marrocos chocaram-se os interesses franco-alemães. O kaiserGuilherme II, desembarcando em Tânger, apoiou a tutela do sultão turco sob a proteção alemã. Mas na conferência de Algeciras teve que reconhecer o domínio francêsdo litoral. Quando, porém, a França tentou o interior marroquino, a Alemanha enviou uma canhoneira a Agadir (julho de 1911). Nesse período de "paz armada que precedeu a I Guerra Mundial, parecia que a luta armada entre as duas potências iria estourar. Porém o tratado de 4 de novembro de 1911 deixou o Marrocos à França, sendo a Alemanha compensada por cessões no Gabão, Congo e Ubangui.
Invocando os maus tratos por que passavam seus colonos na Tripolitânia, a Itália declarou guerra à Turquia (setembro de 1911), que exercia poder nominal sobre a Líbia e rapidamente ocupou o litoral da Tripolitânia e Cirenaica, mas teve que enfrentar a guerra santa dos senusitas chefiados pelos turcos. Entretanto, devido aos problemas balcânicos que antecederam a I Guerra Mundial, o império otomano cedeu a região à Itália (1912).
Os reflexos da I Guerra Mundial na África foram importantes porque significaram a interrupção do domínio alemão e turco no continente. Franceses, ingleses e belgas lançaram-se à conquista das colônias germânicas. No Sudoeste Africano, porém, a resistência foi grande, complicada com a reação bôer na União Sul-Africana. Na África Oriental Alemã os colonos resistiram por toda a guerra. Na África do Norte o tênue domínio turco esboroou-se e a Itália concluiu duramente o domínio da Cirenaica. Os tratados de Versalhes e Sévres confirmaram o fim do domínio alemão e turco na África, pois suas colônias foram repartidas entre as potências sob a forma de mandatos da Sociedade das Nações. O Togo e os Camarõesforam repartidos entre Reino Unido e França. A África Ocidental Alemã ficou sob o mandato da União Sul-Africana. Tanganica ficou para a Inglaterra, e os sultanatos deRuanda e Burundi, para a Bélgica. A Inglaterra realizava o sonho de unir o Cabo da Boa Esperança ao Cairo. No período entre-guerras, a Alemanha não cessou de exigir a devolução de suas possessões, principalmente na era nazista. Em 1935 a Itália, a menos aquinhoada das potências, invadiu a Abissínia. A Sociedade das Nações, já decadente, pouco fel. além de aplicar sanções inócuas. A 9 de maio de 1936, Mussolini proclamou a existência da África Oriental Italiana, reunindo num só bloco Abissínia,Eritreia e Somália.
Na Segunda Guerra Mundial as colônias inglesas apoiaram a metrópole. Já no império colonial francês, o governo de Vichyconseguiu a adesão de grande parte do colonos, apesar do apelo do governo livre do general Charles de Gaulle. Isso obrigou os aliados a uma ação militar contra os colaboracionistas do Eixo. Em 1942 os ingleses ocuparam Madagascar. Na África do norteas potências aliadas e os nazi-fascistas disputaram violentamente seu domínio. A Líbia foi a base dos exércitos de Hitler. A Abissínia, dominada pelos fascistas, fazia perigar as rotas do Oriente. Nas areias do deserto do Sara as tropas de Erwin Rommel e Montgomery travaram uma luta difícil pelo afastamento das bases de suprimentos e pelas condições meteorológicas. Em 1942, O Afrika Korps atingia EI Alamein, em território egípcio. Derrotados, os alemães recuaram até a Tunísia. O desembarque norte-americano liquidou as pretensões do Eixo.
Nova era africana
Após a guerra, com o esgotamento das potências e a difusão das ideias democráticas, nasceu uma nova era para a África. De um lado, os ideais do nacionalismoafricano e do pan-africanismo, agitando as populações nativas e levando-as à luta pela independência das colônias e sua união em blocos; e de outro, o neocolonialismo, procurando sob outras formas político-administrativas a perpetuação do domínio estrangeiro. Acrescem-se as disputas de facções locais, as influências do pan-arabismo, a luta contra o subdesenvolvimento, e os choques entre os mundos socialista e capitalista pelo predominio polítíco no continente, para onde se transferiu um novo front daguerra fria.
Ainda em 1950, quase todo o continente africano - com exceção da Etiópia, África do Sul, Libéria e Egito - encontrava-se sob o domínio de potências europeias, na forma de colônias ou protetorados. Todavia, os anos seguintes assistiram à afirmação do nacionalismo africano e ao surgimento de movimentos de independência, assinalando o começo do rápido declínio do poder imperial na África.
Três fatores avultaram na recessão do colonialismo africano. O primeiro deles foi o clima político e intelectual geral do século XX, que encontrou expressão política no conceito de autodeterminação dos povos e no crescente respeito pelos direitos do homem, consubstanciado na declaração integrada à Carta das Nações Unidas. Essa atmosfera internacional fundada numa nova ética possibilitou a plena atuação de um segundo fator: a tomada de consciência, pelos africanos, de sua própria força, concretizada numa efetiva ação emancipadora. O terceiro fator foi a substanvial alteração do equilíbrio mundial do poder, decorrente do enfraquecimento e da perda de influência das metrópoles coloniais europeias. Após duas desastrosas guerras mundiais, a Europa Ocidental já não dispunha de força militar ou econômica necessária para perpetuar seu imperialismo. A esse quadro de debilibitação justapunha-se a transformação dos Estados Unidos e da União Soviética, países declaradamente anticolonialistas, nas duas grandes potências do século XX.
A crônica da descolonização diferiu, naturalmente, de país para país. De maneira geral, entretanto, onde existia uma infraestrutura, ainda que rudimentar, capaz de permitir a ocorrência de mudanças politicas e constitucionais, e onde a metrópole se mostrou suficientemente maleável às exigências das circunstâncias, a transição do colonialismo para a plena soberania fez-se de modo relativamente pacífico. No entanto, nos casos em que a potência colonial congelara suas políticas no contexto do espírito oitocentista, ela foi compelida a recorrer à guerra colonial a fim de manter a situação vigente, com o resultado de que a transição fez-se a preço de sangue e traumatismo.
Na África do norte, a Líbia adquirira sua independência em 1951, sob proteção da ONU. No Maghreb, a minoria estrangeira tentou por todos os modos manter o domínio colonial, já que enormes interesses industriais, agrícolas e minerais estavam em jogo. O pauperismo agravado pelo alto índice de natalidade, chegou a tal extremo que, depois da II Guerra Mundial, um inquérito constatou que 10% da população vivia da caridade pública, principalmente na Argélia. Nessas condições, o nacionalismoberbere progrediu rapidamente entre o enorme proletariado urbano, instável e pouco qualificado, atraído às cidades pelas indústrias europeias.
Na África negra, os líderes realizavam, ao lado da propaganda intensiva, vários congressos e conferências africanos. Em 1955, na conferência de Bandung, que reuniu países afro-asiáticos subdesenvolvidos, os princípios de autodeterminação ganharam corpo. Líderes como Sekou Touré (Guiné), Jomo Kenyatta (Quênia), Mamadou Dia eLéopold Senghor (Senegal), Patrice Lumumba (Zaire, atual República Democrática do Congo), Kwame Nkrumah (Gana), Houphouet-Boigny (Costa do Marfim), Hastings Banda (Malawi), Julius Nyerere (Tanzânia) e Kenneth Kaunda (Zâmbia) passaram a reunir-se em congressos, como a conferência do Cairo (1957), a conferência do Estados Africanos Independentes (1958), o congresso de Cotonou (1958), a conferência dos Povos Africanos (1958) e as conferências sindicais de Brazzaville e Conakry(1959).
O ano de 1960 marcou o apogeu da descolonização africana, com a independência de 17 países: Alto Volta, Camarões (Camarão), Costa do Marfim, Congo, Daomé(Benin), Gabão, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, República Centro-Africana, República Malgaxe (Madagascar), Senegal, Somália, Tchad, Toga e República Democrática do Congo (ex-Zaire). Nos anos seguintes, muitos outros países chegaram à independência, de modo que em 1968, com a independência de Guiné Equatorial, Maurício eSuazilândia, 42 países já se encontravam soberanos.
Em 1974, os principais territórios não independentes que restavam na África eram as chamadas "províncias ultramarinas" de Portugal Angola, Moçambique e Guiné Portuguesa (Guiné-Bissau) -, onde ainda lavravam as guerras de libertação, conduzidas por vários grupamentos guerrilheiros. Com a derrocada final do salazarismo em Portugal naquele ano, acelerou-se o processo de independência dessas províncias - primeiro Guiné-Bissau (1974) e depois Angola, Moçambique e Ilhas do Cabo Verde e São Tomé e Príncipe (1975). Restava assim uma única grande colônia, o Sudoeste Africano (Namíbia), que permaneceu sob jurisdição da África do Sul até 1990, quando tornou-se independente. O Saara Ocidental foi dividido entre Marrocos e Mauritânia após a retirada espanhola (1976). A independência do território era reivindicada pela organização nacionalista Frente Polisário, cujos guerrilheiros fustigavam as tropas de ocupação. Em 1979, a Mauritânia retirou-se e, em 1991, preparava-se um plebiscito supervisionado pela ONU para decidir o futuro da região.
Comores tornou-se independente da França em 1975 e Seychelles do Reino Unido em 1976. O território francês dos Afars e Issas ficou independente em 1977 com O nome de Djibouti. Na África meridional, o regime branco e segregacionista da Rodésia chegou ao fim em 1980, quando o país adotou o nome de Zimbabwe e elegeu um governo de maioria negra. Na África do Sul, após décadas de discriminação racial, o acordo entre o governo branco eleito em 1989 e os líderes negros já proporcionara, em 1991, a revogação da maioria das leis segregacionistas.
Problemas pós-coloniais
Um dos legados do colonialismo tem sido a dificuldade de cooperação entre os novos Estados africanos. Há, por exemplo, o problema do mosaico de fronteiras arbitrárias e ilógicas, que em sua maioria assinalam a extensão das conquistas coloniais ou da expansão imperial e que geralmente não têm qualquer relação com as fronteirasnaturais, geográficas ou étnicas. O colonialismo gerou também uma identificação política e econômica com a metrópole colonial, particularmente forte no caso das ex-colônias francesas, e que persiste até hoje, acarretando inclusive um certo grau de dependência. Além disso, considerações extra-africanas ainda inibem a politica internacional de muitos Estados do continente.
A relativa brevidade da dominação europeia na África teve também como resultado a fixação de instituições e hábitos das várias potências coloniais. A sobreposição de culturas estrangeiras e indígenas criou uma diferença de perspectiva entre os países africanos de língua inglesa e de língua francesa, que tende a dificultar ainda mais as relações entre esses dois grupos de países.
Conscientes desses óbices, muitos líderes africanos têm-se esforçado por promover soluções pan-africanas para os problema do continente. Um dos principais resultados desses esforços foi a criação, em maio de 1963, da Organização da Unidade Africana (OUA) com sede em Adis Abeba. A Organização da Unidade Africana foi substituída pela União Africana em 9 de julho de 2002. A OUA teve êxito na mediação da disputa entre Argélia e Marrocos (1964-65), e nos litígios de fronteiras entreEtiópia e Somália (que tornaram a eclodir em 1977) e entre Quênia e Somália (1965-67), fracassando, porém, em sustar a guerra civil na Nigéria (1968-70). Todos os países africanos independentes pertencem à União Africana.
Geografia
A África está separada da Europa pelo mar Mediterrâneo e liga-se à Ásia na sua extremidade nordeste pelo istmo de Suez. No entanto, a África ocupa uma única placa tectônica, ao contrário da Europa que partilha com a Ásia a Placa Euro-asiática.
Do seu ponto mais a norte, Ras ben Sakka, em Marrocos, à latitude 37°21' N, até ao ponto mais a sul, o cabo das Agulhas na África do Sul, à latitude 34°51'15? S, vai uma distância de aproximadamente 8 000 km. Do ponto mais ocidental de África, o Cabo Verde, no Senegal, à longitude 17°33'22? W, até Ras Hafun na Somália, à longitude 51°27'52? E, vai uma distância de cerca de 7 400 km.
Para além do mar Mediterrâneo, a norte, África é banhada pelo oceano Atlântico na sua costa ocidental e pelo oceano Índico do lado oriental. O comprimento da linha de costa é de 26 000 km.
Localização
Com uma área territorial de pouco mais de 30 milhões de quilômetros quadrados, o continente africano é o terceiro em extensão. Cortam a África, três dos grandes paralelos terrestres: Equador, Trópico de Câncere Trópico de Capricórnio, além do Meridiano de Greenwich. Há cinco diferentes fusos horários. O continente tem o formato aproximado de um crânio humano visto de lado com o nariz - a península da Somália - apontado para leste.
Estendendo-se de 37 graus de latitude norte a 34 graus de latitude sul e de 18 graus de longitude oeste a 51 graus de longitude leste, o território africano distribui-se pelos quatro hemisférios do planeta Terra. Por outro lado, está compreendido em apenas duas zonas climáticas: a zona intertropical (equatorial e tropical norte e sul) e temperada do norte e do sul.
A África apresenta litoral pouco recortado e é banhada, a oeste, pelo oceano Atlântico; a leste, pelo oceano Índico; ao norte, pelo mar Mediterrâneo; e a nordeste, pelo mar Vermelho.
Dentre os acidentes geográficos litorâneos, merecem destaque o golfo da Guiné no Atlântico Sul; e o estreito de Gibraltar, entre o Oceano Atlântico e o mar Mediterrâneo, junto da península Ibérica, na Europa. Há ainda no leste do continente, a península da Somália, chamada também de Chifre da África, e o golfo de Áden, formado por águas do oceano Índico e limitado pela península Arábica, que pertence à Ásia. Ao sul, encontra-se o cabo da Boa Esperança.
A África não possui muitas ilhas ao seu redor. No Atlântico, localizam-se algumas, formadas por picos submarinos, como as [[Ilhas Canárias], bem como os arquipélagos de São Tomé e Príncipe e de Cabo Verde. No Oceano Índico encontram-se uma grande ilha — a de Madagáscar — e outras de extensão reduzida, entre as quais Comores, Maurício e Seychelles.
Relevo
O relevo africano, predominantemente planáltico, apresenta considerável altitude média - cerca de 750 metros. As regiões central e ocidental são ocupadas, em sua totalidade, por planaltos intensamente erodidos, constituídos de rochas muito antigas e limitados por grandes escarpamentos.
Os planaltos contornam depressões cortadas por rios, nas quais também se encontram lagos e grandes bacias hidrográficas, como as do Nilo, do Congo, do Chade, doNíger, do Zambeze, do Limpopo, do Cubango e do Orange.
Ao longo do litoral, situam-se as planícies costeiras, por vezes bastante vastas. Destacam-se, a oeste e nordeste do continente, quando se estendem para o interior. As planícies ocupam área menor do que a dos planaltos. Podemos citar as planícies do Níger e do Congo.
Na porção oriental da África encontra-se uma de suas características físicas mais marcantes: uma falha geológica estendendo-se de norte a sul, o Grande Vale do Rift, em que se sucedem montanhas, algumas de origem vulcânica e grandes depressões. É nessa região que se localizam os maiores lagos do continente, circundados por altas montanhas, de mencionar o Quilimanjaro (5895 metros), o monte Quênia (5199 metros) e o Ruwenzori (5109 metros).
Podemos destacar ainda dois grandes conjuntos de terras altas, um no norte, outro no sul do continente:
- a Cadeia do Atlas, que ocupa a região setentrional do Marrocos, da Argélia e da Tunísia. É de formação recente a apresentamontanhas cujos picos chegam a atingir 4000 metros de altura; nesta região, o subsolo apresenta significativas reservas depetróleo, gás natural, ferro, urânio e fosfato.
- a Cadeia do Cabo, na África do Sul. É de formação antiga, culminando nos Montes Drakensberg, com mais de 3400 metros de altura.
Completando uma visão do relevo africano, é possível observar ainda a existência de antigos maciços montanhosos em diferentes pontos do continente: o da Etiópia, formado a partir de erupções vulcânicas, o de Fouta Djalon e o de Hoggar, além de vários outros.
O Planalto dos Grandes Lagos assinala o início de inclinação do relevo africano, do leste para o continente, que favorece a drenagem de bacias fluviais interiores, como as dos rios Congo, Zambeze e Orange.
Clima
A linha do Equador divide a África em duas partes distintas: o norte é bastante extenso no sentido leste-oeste; o sul, mais estreito, afunila-se onde as águas do Índico se encontram com as do Atlântico. Quase três quartos do continente estão situados na zona intertropical da Terra, apresentando, por isso, altas temperaturas com pequenas variações anuais.
O clima equatorial, quente e úmido o ano todo, abrange parte da região centro-oeste do continente; o tropical quente com invernos secos domina quase inteiramente as terras africanas, do centro ao sul, inclusive a ilha de Madagascar; o clima desértico, por sua vez, compreende uma grande extensão da África, acompanhando osdesertos do Saara e de Calaari.
O clima mediterrâneo manifesta-se em pequenos trechos do extremo norte e do extremo sul do continente, apresentando-se quente com invernos úmidos. No Magrebe, aagricultura é importante, cultivando-se vinhas, oliveiras, cítricos e tâmaras, enquanto que no sul, principalmente na península do Cabo, o vinho, introduzido pelos imigrantes franceses, no século XVII, é igualmente uma fonte de riqueza local.
A pluviosidade na África é bastante desigual, sendo a principal responsável pelas grandes diferenças entre as paisagens africanas. As chuvas ocorrem com abundância na região equatorial, mas são insignificantes nas proximidades do Trópico de Câncer, onde se localiza o Deserto do Saara, e do Trópico de Capricórnio, região pela qual se estende o Calaari.
Localizados no interior do território africano, os desertos ocupam grande parte do continente. Situam-se tanto ao norte (Dyif, Iguidi, da Líbia - nomes regionais do Saara) quanto ao sul (da Namíbia - denominação local do Deserto de Calaari).
Hidrografia
Tendo as regiões norte e sul praticamente tomadas por desertos, a África possui relativamente poucos rios. Alguns deles são muito extensos e volumosos, por estarem localizados em regiões tropicais e equatoriais; outros atravessam áreas desérticas, tornando a vida possível ao longo de suas margens.
A maior importância cabe ao rio Nilo, o segundo mais extenso do mundo (após o Solimões-Amazonas), cujo comprimento é superior a 6.500 quilômetros. Nasce nas proximidades do Lago Vitória, percorre o nordeste africano e deságua no mar Mediterrâneo. Forma, com seus afluentes, uma bacia de quase três milhões de quilômetros quadrados, cinco vezes mais extensa que o estado de Minas Gerais. O vale do rio Nilo, abaixo da confluência entre o Nilo Branco e o Nilo Azul, apresenta um solo extremamente fértil, no qual se pratica intensamente a agricultura, onde as principais culturas são o algodão e o trigo. As grandes civilizações egípcia e de Meroé, naAntiguidade existiram, em parte, em função de seu ciclo anual de cheias.
Além do Nilo, outros rios importantes para a África são o Congo, o Níger e o Zambeze. Menos extensos, mas igualmente relevantes, são o Senegal, o Orange, o Limpopoe o Zaire.
No que se refere aos lagos, a África possui alguns mais extensos e profundos, a maioria situada no leste do continente, como o Vitória, o Rodolfo e o Tanganica. Este último, com quase 1.500 metros de profundidade, evidencia com mais ênfase a grande falha geológica na qual se alojaram os lagos. O maior situado na regiãocentro-oeste é o Chade.
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica
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